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Lénine A La Tribune

Realismo Socialista

A designação diz respeito ao estilo artístico aprovado pelo regime comunista da ex-URSS, por ocasião do 1º Congresso de Escritores Soviéticos, em 1934, do qual participa o escritor Maxime Gorki (1868 - 1936). Elaborado por Andrej Zdanov, braço direito de Stalin (1879 - 1953) na área cultural, o realismo socialista converte-se, entre 1930 e 1950, em arte oficial que referenda a linha ideológica do Partido Comunista. Teatro, literatura e artes visuais deveriam ter um compromisso primeiro com a educação e formação das massas para o socialismo em construção no país. Uma arte "proletária e progressista", empenhada politicamente, envolvida com os temas nacionais e com as questões do povo russo, esta é a aspiração da tendência artística. Na definição de Aleksandr Gerasimov (1881 - 1963), o estilo é "realista na forma" e "socialista no conteúdo", quer dizer, a obra de arte deve ser acessível ao povo - figurativa e descritiva - e sua mensagem, um instrumento de propaganda do regime. Desenhos, telas e cartazes publicitários mostram proletários, camponeses, soldados, líderes e heróis nacionais, freqüentemente idealizados, seja pela exaltação de corpos vigorosos (indicando força e saúde), seja pela celebração de movimentos sociais e feitos políticos (Celebrando a Colheita, 1951, de Alla Zaimai e Retrato de Stalin, 1949, de Aleksander Ivanovich). Trata-se de louvar a nova sociedade, pela representação de jovens saudáveis e felizes, em atividades de trabalho ou em cenas populares. Na arquitetura, os princípios do realismo socialista começam a se fazer visíveis no final da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), quando têm lugar os planos de reconstrução das cidades russas. Projetos - nacionalistas na forma e de conteúdo socialista - se evidenciam em construções como o Palácio dos Soviets, concluído no fim da guerra e que ganha, a partir de 1947, sete torres monumentais. Em 1955, o Congresso do Partido Comunista delibera que as práticas arquitetônicas dos anos anteriores sejam banidas - porque "distorções da herança cultural russa" - e que um plano de construções racional oriente o crescimento físico das cidades, o que origina uma série de edifícios residenciais e comerciais padronizados.

  Operário

O realismo socialista aparentemente filia-se ao realismo como doutrina estética, que triunfa em solo francês, a partir de 1850, com a pintura de Gustave Courbet (1819 - 1877), cujo compromisso é com o enfrentamento direto do mundo. Vincula-se também a uma tradição mais claramente naturalista, que pensa a arte como documentação da realidade. Um realismo de feitio mais claramente "social" se encontra esboçado já na produção de Courbet - a representação de trabalhadores e camponeses -, e ganha expressão em obras de diversos artistas dos séculos XIX e XX, por exemplo, nos trabalhos de Jean-François Millet (1814 - 1875), voltados para o universo rural e para a vida rústica, e nos de Honoré Daumier (1808 - 1879), verdadeiros comentários da situação social e política. Nada mais distante da vocação crítica exercitada por essa tradição realista do que o realismo acadêmico e partidário dos realistas socialistas. Em solo russo, a produção artística das primeiras décadas do século XX notabiliza-se pelo forte compromisso social - acentuado pela Revolução de 1917 e pela adesão dos artistas a uma arte nova, a serviço da revolução e da vida do povo -, o que não significa descarte das pesquisas formais. Tanto o construtivismo quanto o suprematismo procuram articular inovação formal e engajamento, de modo a superar dilemas do tipo esteticismo ou participação, forma ou conteúdo.

Stálin

A defesa oficial de uma estética "realista" e "socialista" a partir de 1930 representa o golpe último nas pesquisas de tipo formal levadas a cabo pelos construtivistas russos. Em 1922, Antoine Pevsner (1886 - 1962) e Naum Gabo (1890 - 1977) deixam a URSS. Kazimir Malevich (1878 - 1935) permanece no país, tentando defender um espaço contra as restrições impostas pelo Estado soviético aos artistas.

Futuro

É flagrante a unanimidade da crítica sobre a pouca importância estética dos trabalhos produzidos sobre a égide do realismo socialista. Do movimento, poucos nomes são lembrados nas histórias e dicionários de arte (Juri Ivanovic, Yury Pimenov (1903 - 1977), Alexander Deineka (1899 - 1969), Nikolai Paulguk); quando o são, poucas são as referências às vidas e obras desses artistas. O realismo socialista teve impacto sobre os países do leste Europeu que gravitavam em torno da antiga URSS, mais ou menos na mesma época. No Brasil, ainda que não se possa falar numa arte realista socialista, é possível lembrar artistas e obras que mais claramente abraçaram os ideais socialistas, na forma e conteúdo. Por exemplo, alguns trabalhos de Carlos Scliar (1920 - 2001), Mário Gruber (1927), Abelardo da Hora (1924), Candido Portinari (1903 - 1962), Renina Katz (1926) e Virginia Artigas (1915 - 1990).
Fonte: Itau Cultural.

Lenin no trabalho voluntário

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