Colégio Sion, os alunos montam grupos de estudos nos quais quem sabe mais uma matéria explica para colegas com mais dificuldade
Escolas incentivam estudo permanente
Elas apostam em acompanhamento constante, reforço e grupos de estudo para evitar uma preocupação maior com as notas no fim do ano
O fim do primeiro semestre letivo traz a alegria de um mês de descanso, mas, para muitos pais e alunos, também a preocupação com as notas. Acompanhamento constante, reforço e grupos de estudo são algumas das estratégias para evitar uma preocupação ainda maior no fim do ano.
Mesmo tendo ficado acima da média nas últimas provas, Mariana Abel, de 16 anos, se inscreveu voluntariamente para as "monitorias de julho" do Colégio Stockler. "Tenho dificuldade em física; a monitoria vai me ajudar bastante", conta. Durante duas semanas das férias, ela irá à escola tirar dúvidas e fazer exercícios da disciplina. "Apesar da preguiça, procuro ser responsável."
Todos os alunos com alguma defasagem podem participar, explica a diretora pedagógica, Josely Magri. "É livre, não se ganha nota com isso, mas é interessante ver que todos os que realmente precisam tiveram consciência e se inscreveram."
No colégio Sion, uma iniciativa que aumentou o compromisso dos adolescentes foi a abertura de um espaço para grupos de estudos.
"Abrimos a escola à tarde no que chamamos de permanência monitorada", diz Antonietta Villela, coordenadora pedagógica. No programa, um aluno que sabe melhor certa matéria ensina colegas com mais dificuldade. "Às vezes, a explicação fica mais fácil quando dita por um colega, que tem a mesma linguagem, as mesmas dificuldades."
Para mostrar que sempre vale a pena estudar, no Colégio I.L. Peretz a "recuperação/revisão" é tarefa para a turma toda. "Acreditamos que todo mundo pode crescer mais um pouco, mesmo quem tirou dez", afirma o diretor do ensino fundamental 2 e médio, Francisco Aguirra. "Ao mesmo tempo tiramos o estigma dos alunos em recuperação."
O diretor diz que a tentativa da escola é sempre estimular que os jovens estudem com frequência. "Entre uma hora e meia ou duas por dia de estudo está ótimo. Não adianta ser muito tempo, mas só na véspera das provas", recomenda.
Cobrança em casa. O bancário Vagner Cruz de Carvalho reconhece ser um pai que "pega no pé". "Converso com a professora, olho caderno, sento junto para estudar", conta. Lucas, de 10 anos, nem sempre gosta da cobrança. "Ele resiste, às vezes fica com raiva, mas aos poucos está vendo que é importante."
Vagner já prometeu presente em troca de o filho passar de ano direto, mas hoje prefere incentivá-lo mostrando como aplicar no dia a dia o que se aprende na escola. Mas, quando Lucas tira uma nota baixa, o passeio do fim de semana é cortado. "Se não estudou quando devia, não vai sair. Se ficou com dúvidas, explico, mas ele tem de estudar."
Motivar crianças e, principalmente, adolescentes a estudar pode ser uma tarefa desafiadora, diz Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia. "Não pode haver o "te dou isso em troca daquilo", mas premiar quem não merece também é errado."
Segundo a especialista, pais e escolas devem combater a "acomodação" dos adolescentes e mostrar que estudar é a responsabilidade deles nessa fase da vida. "O adolescente tem outras fontes de conhecimento e às vezes entra em uma zona de conforto em relação à escola", explica.
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