Inicialmente vamos "traduzir" os termos
"algoritmo" e
"iterativo".
Algoritmo é um conjunto de procedimentos que levam à obtenção de um resultado. O processo de
divisão, que aprendemos no início da nossa vida escolar, é um algoritmo. O conhecido método de
Bh?skara, utilizado na resolução de equações do segundo grau, também é um algoritmo.
No dicionário,
iterar significa
repetir. Um
Processo Iterativo é a aplicação
repetida de um mesmo algoritmo, até obter- se um resultado com a precisão desejada.
O algoritmo que vamos mostrar a seguir é um método simples de chegarmos à raiz quadrada de um número
N, com excelente precisão, em
três ou
quatro iterações. Esse método já era usado na antiga Babilônia (2000 a.C.) e, posteriormente por
Heron em Alexandria (10 d.C ? 70 d.C.).
Obviamente, é muito mais fácil pressionarmos as teclas "2" e "?" de uma calculadora para obtermos a raiz quadrada de dois. Mas,... e se a nossa calculadora não tiver a tecla "?", como podemos nos arranjar...? O algoritmo que vamos descrever era usado num tempo em que a ciência estava sendo escrita à
luz de velas, em
lápides de argila ou em
folhas de papiro. É uma verdadeira
"jóia" produzida pela inteligência humana!
Esse algoritmo é empregado ainda hoje (!) pelas calculadoras eletrônicas dotadas da tecla "?". Elas fazem os
mesmos procedimentos que vamos fazer, só que num tempo
muuuito menor.
Acompanhe. É interessante.
Em notação matemática, a fórmula recorrente desse algoritmo escreve-se assim:
Vamos descrevê-lo passo a passo, supondo
N = 2, isto é, estamos procurando o valor de ?2, que sabemos que é 1,414 213 562 373...
(1) "Joga-se" um valor qualquer, x
0 > 0, para iniciar o processo. Esse valor é denominado
semente. Vamos supor x
0 = 1.
Evidentemente, 1 × 1
não é igual a 2.
Assim: x
1 = 1/2 . (2/x
0 + x
0) => x
1 = 1/2 . (2/1 + 1) =
1,5.
Mas 1,5
x 1,5 ? 2.
Então repete-se o algoritmo, agora com x
1 = 1,5, para obtermos x
2. Veja:
(2) x
2 = 1/2 . (2/x
1 + x
1) => x
2 = 1/2 . (2/1,5 + 1,5) =
1,41666... .
Já temos uma precisão até centésimos! Mais uma vez, para aumentar a precisão.
(3) Repete-se o algoritmo, agora com x
2 = 1,41666..., para obtermos x
3. Veja:
x
3 = 1/2 . (2/x
2 + x
2) => x
2 = 1/2 . (2/1,41666 + 1,41666) =
1,41421569...
A precisão já chegou à
quinta casa decimal!
Só mais uma vez, tá? Prometo!
(4) x
4 = 1/2 . (2/1,41421569 + 1,41421569) =
1,41421357...
Bom, aqui já temos o valor de ?2 com uma precisão até a sétima casa decimal, isto é, 1 parte em 10.000.000! Um erro de 2,1·10-7 %! Acho que está bom demais, não está? Então, até a sétima casa decimal, podemos dizer que ?2 = 1,4142135.
Só mais um exemplo, com
N = 16, para acreditarmos no
"poder" desse algoritmo!
(1) Vamos supor x
0 = 3,2; claro que 3,2
x 3,2 não dá 16. Então, vamos lá:
x
1 = 1/2 . (
16/x
0 + x
0) => x
1 = 1/2 . (
16/3,2 + 3,2) =
4,1(!)
Já está bem perto, não?
Vamos
iterar para melhorar!
(2) x
2 = 1/2 . (
16/x
1 + x
1) => x
2 = 1/2 . (
16/4,1 + 4,1) =
4,00121951...(!)
Só mais uma "
iteradazinha"!(3) x
3 = 1/2 . (
16/x
2 + x
2) => x
2 = 1/2 . (
16/4,00121951 + 4,00121951) =
4,00000019...!
E aí,... dá para confiar no processo? Legal, não é?
Sugestões para treinar:
(1) ?3, com x
0 = 1,5;
(2) ?
?, com x
0 = 2;
(3) ?10, com x
0 = 3;
(4) ?1000, com x
0 = 30.
Existem processos semelhantes para se obter raízes cúbicas, quartas, etc. Só por curiosidade apresento abaixo a fórmula recorrente do algoritmo para a
raiz cúbica:
Tchau, abraço!
Prof. Carlos Torres. loading...
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